Há diversos tipos de
turistas dentre os milhões de visitantes que enxameiam o litoral nordestino a
cada ano. As tipologias são definidas por aspectos sociais, culturais,
ideológicos, políticos e filosóficos, com repercussões diretas no comportamento
do indivíduo.
Os cientistas que estudam o fenômeno turístico cunharam o termo “psicocêntrico”
para um determinado tipo de turista. O psicocêntrico tende a ser conservador,
perdulário no uso dos recursos naturais e negligente com o meio ambiente.
Nas destinações, esse tipo de turista prefere ir às praias, às piscinas
naturais e gosta de se hospedar em grandes hotéis ou em resorts. Prefere comer
nos McDonald’s da vida, gosta de refrigerantes e de comida industrializada,
servida em franquias padronizadas. Tende a ignorar a cultura local e o povo dos
lugares visitados. Ignora as bebidas, a música, as danças e o folclore regionais.
É o tipo de turista que alimenta os peixes nas piscinas naturais, usa água em
excesso e joga lixo no chão. Apesar de reconhecer, no discurso, a importância
do meio ambiente, o psicocêntrico ainda não internalizou uma atitude
correspondente.
As multidões de turistas que visitam nosso estado são um presente para nossa
combalida economia. Mas também são, por assim dizer, um magnífico presente de
grego. Assim como no caso do famoso Cavalo de Troia, que trazia guerreiros
inimigos escondidos nas suas entranhas, as legiões de turistas psicocêntricos
representam uma séria ameaça ao nosso meio ambiente. Por isso, está posto o
desafio às secretarias municipais e estadual de turismo, ao Ministério do
Turismo e aos órgãos oficiais de meio ambiente municipais, estadual e federais.
Admiro o esforço dos servidores públicos das pastas de Turismo e de Meio
Ambiente, que não raro, desprovidos das condições mínimas necessárias ao bom
desempenho de suas funções, continuam como bons guerreiros lutando para que o
desenvolvimento sustentável, com base no turismo, possa ser realmente
alcançado.
Em geral, a infraestrutura e as condições operacionais dos órgãos de meio
ambiente em que trabalham, nos três níveis político-administrativos, estão a
anos-luz daquilo que seus servidores precisam.
Senhores prefeitos, senhor governador e senhora presidenta, os órgãos de meio
ambiente precisam muito mais para que a galinha dos ovos de ouro da vez - o
turismo - não se transforme em mais um patinho feio, com a degradação do nosso
ainda atrativo ambiente litorâneo.
Publicado na Gazeta de Alagoas -
27/12/2011
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