segunda-feira, 30 de abril de 2012

O Professor Universitário e a Sala de Aula


Mapa Conceitual 




Normalmente, um professor universitário aprende a ser docente mediante a sua experiência em sala de aula, entretanto, esta afirmação soa como um equívoco. Para ser professor é necessário tanto o domínio dos conhecimentos específicos como o de métodos pedagógicos que, uma vez adotados, poderão transformar o ensino superior e contribuir para uma mudança de realidade no mundo contemporâneo; desse modo, a sua orientação poderá resultar em uma melhor aprendizagem – tanto do discente como do docente.
Durante muito tempo, os docentes universitários exerciam esta função apenas como um complemento e já que atuavam bem em suas determinadas profissões, eram levados à docência superior – isto colocava em evidência a noção de que ser um bom profissional em sua área, o faria – automaticamente – um professor capaz de cumprir às exigências da academia.
Contudo, essa ideia necessita ser superada: o ato de ensinar não deve colocar o professor como o centro; ensinar não é sinônimo de transmissão de conhecimento e o aluno não é um sujeito passivo, disposto apenas a receber informações e, mecanicamente, memorizá-las. Paulo Freire, em Pedagogia da Autonomia, faz uma crítica ao modo como a forma conservadora de ensinar atua – ele menciona que o ensino mecanicista, cujo professor – visto como um ser superior na sala de aula – dá o conteúdo de sua disciplina e não a relaciona com a realidade – tem o poder de adestrar os alunos para que aceitem os efeitos perversos do mundo globalizado, sendo ensinados, dessa forma, a aceitarem que o mundo é feito por determinações e não por possibilidades. E esta não pode ser a visão da academia.
O professor universitário deve estar envolvido em atividades de pesquisa e extensão e, através do ensino, orientar o processo de aprendizagem, de modo a levar o aluno a uma contextualização de sua realidade. Conforme Freire (1996) para haver um ensino de qualidade, é indispensável que o professor seja um pesquisador e influencie o seu aluno para o mesmo, pois pesquisar é uma forma de conhecer o que já existe e não é conhecido pelo pesquisador.
O docente constrói uma identidade própria por meio da sua história; da sua formação – tanto inicial como continuada e; através da sua prática. É nesse sentido que o ensino, a pesquisa e a extensão aparecem – como uma forma de construir – também – a identidade do ser docente.
Este ser docente tem, portanto, a responsabilidade – por meio dos seus estudos – de promover melhorias para a comunidade e, dessa forma, inserir o aluno nessas atividades, instigando uma aprendizagem contextualizada e atuando profissionalmente com responsabilidade social. O educador deve, portanto, ser flexível e aceitar novas ideias e informações como forma de expandir o seu leque de conhecimento e contribuir para a formação de uma sociedade mais justa e consciente.
Paulo Freire (1996) enfatiza que todas as pessoas, até mesmo o cientista mais renomado, sempre têm algo novo a aprender, do mesmo modo que, até a pessoa mais humilde, sempre terá algo a ensinar; com isso, é fundamental que todas as pessoas se aceitem como seres inacabados, pois apenas assim, estarão dispostas a sempre buscarem novos conhecimentos. E a busca por novos conhecimentos deve ser o principal objetivo do professor universitário.



Referências

FARIAS, Isabel M. et al. Didática e docência: aprendendo a profissão. Brasília: Liber, 2009.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

MASETTO, Marcos T. Professor universitário: um profissional da educação na atividade docente. In: MASETTO, Marcos T. (org). Docência na universidade. Campina: Papirus, 1998.

PIMENTA, Selma G. A profissão professor universitário: processo de construção da identidade. In: CUNHA, M. I. Docência universitária: profissionalização e práticas educativas. Feira de Santana: UEFS Editora, 2009. 

RAMOS, Katia M. Reconfigurar a personalidade docente universitária: um olhar sobre ações de atualização pedagógico-didática. Porto: Universidade do Porto, 2010. 


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